Sempre gostei do cheiro gelado da noite. Suave, reconfortante se sentido de dentro de casa.
Estou tentando pela primeira vez escrever (criar um texto) diretamente no computador. Um texto como esse, emocional... Uma conversa franca com o papel (oras, papel! É nítido que preciso me adaptar ao novo recurso...).
Textos “dissertativos” nos moldes acadêmicos ou textos com funções específicas sugeridas (respostas a cartas de alguém, explicações ou justificativas que circulem via internet) eu já escrevi vários. Mas nunca assim, pra mim, estar na frente do tecladinho. Para desabafar. Ou pensar sobre algo... Me encontrar, procurar algo não revelado em meio à assuntos outros.
Sinto que prefiro imensamente o lápis. A posição horizontal do texto. Menos brilho e mais curvas, cheiro de papel... O “tec-tec” do teclado me inibe, convida a escrever algo frio, racional... O resultado está saindo péssimo, um desconexo e desinteressante amontoado de frases sem rumo.
Voltar para o assunto inicial faz-se necessidade urgente – pobre frase primeira, deslocada em meio a esse assunto... E a pobrezinha era potencialmente tão mais fértil do que esses três parágrafos perdidos...
O cheiro frio da noite... Enfim uma noite fria! São inúmeras as razões que me levam a preferir o calor – alergia mais branda, tensão muscular mais controlada, pés livres, manhãs encorajadoras, dias mais claros (ou mais dias claros), mais céu azul, banhos e roupas que não machucam a pele (prefiro a infinidade de pernilongos ao sufocamento das roupas de inverno), sorvetes e açaí, menos choques térmicos, menos ameaças de dores de garganta (portanto, o tão necessário “cantar” livre de perigos)... Poderia escrever um livro só com esse tema – como aquele “1001 motivos para gostar do Brasil” que, de início me pareceu bastante ridículo, mas foi um dos mais interessantes achados em meio a tantas bobagens que tem povoado as prateleiras de livrarias recentemente... Mas dessa vez as altas temperaturas foram tão assustadoras que até eu cedi aos apelos por dias frios.
Não que eu não goste das noites quentes, mas essa deliciosa sensação geladinha ao abrir a janela me convidou a escrever. Registrar esse momento, esse gosto. Poder lê-lo num outro momento (talvez quente) e relembrar essa sensação pode vir a ser deveras gratificante (cinicamente ou não, estou usando termos de frieza acadêmica... Inevitável pensar assim aqui...).
Bom, o importante é que o sono se fez presente. Graças a Deus – e à Georgina, a abençoada terapeuta que me recomendou esse (entre outros) criativos soníferos.
É necessário algum tempo longe de um texto para poder julgá-lo ao relê-lo, mas me arrisco a classificar esse aqui como “péssimo”. Uma mal-sucedida primeira experiência.
Bom, se não imperfeita, não primeira. E, se útil, não lixo...